Um juiz dos Estados Unidos determinou que o NSO Group deve fornecer o código-fonte do Pegasus e de outros trojans de acesso remoto à Meta, como parte do processo judicial em andamento movido pela gigante das mídias sociais contra o fornecedor israelense de spyware. A decisão representa uma vitória legal significativa para a Meta, que iniciou o processo em outubro de 2019, acusando o NSO Group de utilizar sua infraestrutura para distribuir o spyware em aproximadamente 1.400 dispositivos móveis entre abril e maio do mesmo ano, afetando inclusive ativistas e jornalistas indianos.
Os ataques exploravam uma vulnerabilidade zero-day no aplicativo de mensagens instantâneas (CVE-2019-3568, pontuação CVSS: 9.8), um bug crítico de buffer overflow na funcionalidade de chamada de voz, permitindo a entrega do Pegasus simplesmente ao realizar uma chamada, mesmo que estas não fossem atendidas. Além disso, a cadeia de ataque incluía etapas para apagar as informações de chamadas recebidas dos registros, tentando evitar a detecção.
Documentos do tribunal revelam que o NSO Group foi solicitado a "fornecer informações sobre a funcionalidade completa do spyware relevante", especificamente para um período de um ano antes até um ano após o ataque alegado (de 29 de abril de 2018 a 10 de maio de 2020). Entretanto, a empresa não precisará "fornecer informações específicas sobre a arquitetura do servidor neste momento", uma vez que o WhatsApp "poderia obter as mesmas informações a partir da funcionalidade completa do spyware alegado". Notavelmente, foi poupado de compartilhar as identidades de seus clientes.
Donncha Ó Cearbhaill, chefe do Laboratório de Segurança da Anistia Internacional, comentou que, embora a decisão do tribunal seja um desenvolvimento positivo, é decepcionante que o NSO Group continue autorizado a manter em segredo a identidade de seus clientes, responsáveis pelo direcionamento ilegal.
O NSO Group foi sancionado pelos EUA em 2021 por desenvolver e fornecer armas cibernéticas a governos estrangeiros que "usaram essas ferramentas para alvejar maliciosamente funcionários governamentais, jornalistas, empresários, ativistas, acadêmicos e trabalhadores de embaixadas".
Paralelamente, a Meta enfrenta crescente escrutínio de grupos de privacidade e consumidores na União Europeia sobre seu modelo de subscrição "pague ou aceite" (pay or consent), criticado por impor um modelo de negócios que transforma a privacidade em um luxo ao invés de um direito fundamental, reforçando a exclusão discriminatória do acesso ao domínio digital e controle sobre dados pessoais, potencialmente minando as regulamentações do GDPR.
Com informações The Hacker News.