A Universidade de Waterloo, no Canadá, está em processo de remoção de máquinas de venda automática de M&M que coletavam dados de reconhecimento facial sem o consentimento dos estudantes. A controvérsia veio à tona após um estudante, usando o pseudônimo SquidKid47, postar no Reddit uma imagem de uma mensagem de erro da máquina, revelando a tentativa de lançamento de um aplicativo de reconhecimento facial inesperado.
A postagem desencadeou uma investigação de River Stanley, um estudante do quarto ano, que descobriu através de brochuras de vendas da Invenda, a empresa por trás das máquinas, que estas eram capazes de enviar estimativas de idade e gênero de cada pessoa que as utilizava, sem solicitar consentimento. Isso gerou comparações com um caso anterior investigado pela Comissão de Privacidade do Canadá, onde mais de 5 milhões de canadenses foram escaneados sem consentimento em um banco de dados de um operador de shopping centers, Cadillac Fairview, que foi forçado a deletar as informações coletadas.
Rebecca Elming, porta-voz da Universidade de Waterloo, confirmou que o software das máquinas seria desativado até que pudessem ser removidas, em resposta à polêmica. A confiança dos estudantes na administração da universidade foi abalada, levando alguns a cobrir as câmeras das máquinas com chiclete ou post-its, enquanto questionavam o uso dessa tecnologia em outros locais do campus.
Adaria Vending Services, responsável pelo abastecimento das máquinas, afirmou que estas não capturam ou armazenam fotos ou imagens, funcionando como um sensor de movimento para ativar a interface de compra, e que a tecnologia era totalmente compatível com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia. A Invenda reiterou que não coleta dados dos usuários ou fotos, garantindo que a identificação individual através da tecnologia da máquina é impossível. A empresa destacou que a tecnologia visa apenas detectar a presença de indivíduos para ativar a interface de compra, sem capacidade de capturar, reter ou transmitir imagens.
Esta situação levantou questões sobre a transparência e o cumprimento das leis de privacidade por parte da Invenda e seus clientes, como a Mars, fabricante dos M&Ms, especialmente considerando a expansão da empresa na América do Norte após um financiamento de $7 milhões, incluindo acordos com grandes clientes como a Coca-Cola. A polêmica gerou discussões entre os estudantes sobre a legalidade da coleta de dados de reconhecimento facial sem consentimento explícito, com alguns sugerindo a possibilidade de uma ação coletiva contra as práticas da empresa.
Com informações - ArsTechnica.